Por Stevão Pacheco,

Você geralmente diz que o seu nível em um idioma é avançado, seja inglês, francês, espanhol, etc., mas sabe que a verdade é que aprendeu até certo ponto e não consegue ir além, você não está sozinho.

Segundo Carla Tieppo, neurocientista doutora em Neurofarmacologia pelo Instituto de Ciências Biomédicas da USP e Professora de Neurociência da PUC-SP, existem muitas pessoas que vivem a mesma situação no Brasil e o motivo geralmente está ligado a questões emocionais, o que provoca a diminuição do ritmo do aprendizado até o estudante estacionar em um nível mediano.

O fenômeno é conhecido como “platô intermediário” e geralmente está relacionado a algum trauma que o indivíduo sofreu, críticas insensíveis de colegas ou professores, problemas na infância, entre outros fatores que podem ter atrapalhado o seu desenvolvimento.

Outro ponto importante que torna o aprendizado de um idioma mais fácil é a capacidade cognitiva de cada indivíduo, uma espécie de ‘memória RAM’ do cérebro, capaz de assimilar vários níveis de informação ao mesmo tempo enquanto você fala determinado idioma, por exemplo: pronúncia, significado das palavras e regras gramaticais.

Mas o que posso fazer então?

Uma dica é ‘enxergar’ o aprendizado de um idioma, independente de qual seja, de uma forma mais aberta, mais descontraída, estar disposto a tentar falar, mesmo que inicialmente saia errado, porém de uma forma menos exigente com você mesmo, com mais curiosidade, aberto à tentativa e erro, enxergando o aprendizado como um desafio bom, algo que pode e será alcançado.

Outra dica importante é mergulhar na cultura do país a qual pertence a língua que está estudando, procurar entender o contexto em que vive aquela nação, seus hábitos e costumes, saber a origem de certas palavras e expressões, imergir no idioma como um futuro integrante daquele país, segundo o húngaro Balázs Csigi, especialista em idiomas e fluente em 7 línguas.

Outras ferramentas legais: entenda o real significado do que está sendo dito e não se prenda as traduções. Assista a filmes estrangeiros pelo menos três vezes, com o intervalo de alguns dias: na primeira vez com legendas em português, para entender a história, na segunda, com as legendas no idioma estrangeiro, na terceira vez, no idioma estrangeiro com a legenda desligada, para assimilar os diálogos e ampliar o vocabulário. Ouça música no idioma que está cursando e estude o significado das letras. Sempre que puder, converse no idioma estrangeiro com um colega que faz o mesmo curso e use as expressões que você aprende no seu dia-a-dia.

E o incentivo? Por quê me esforçar tanto? Uma pesquisa recente divulgada na Revista Exame mostra que profissionais que falam inglês e atuam em nível de coordenação, por exemplo, chegam a ganhar 62% a mais no salário do que colegas que exercem a mesma função e não falam um segundo idioma. Legal né!? Fica a dica!